Pensava que as férias seriam tranquilas, entre vinhas e água doce, mas enganei-me redondamente. Reparei, pouco a pouco, que o granito das fragas também dá forma aos mais frágeis e singulares edifícios. As férias acabaram por trazer novas descobertas, novos lugares e novas pessoas. E no fim, por incrível que pareça, o melhor ficou por conhecer.
O mosteiro de Santa Maria de Cárquere lança um olhar que contempla, lá em baixo, o serpentear do Douro, e no alto, o planalto beirão. Diz a lenda que ali, com água daquelas nascentes, se curou D. Afonso Henriques, e fez-se o mosteiro. O que resta mais parece uma colagem de fragmentos, com arcos, portas e janelas que hoje apenas recortam o céu e o passar das nuvens.
O mosteiro de Tarouca pode estar fora da rota turística, mas quase fica em caminho. A escala monumental daquelas ruínas merecem qualquer viagem. A igreja está bem conservada e também nos mostra o trabalho artístico de várias épocas.
Salzedas fica no mesmo concelho e o mosteiro não é para menos. Também pertenceu à Ordem de Cister e, visto do café da aldeia, presta-se a um desenho bem mais demorado do que aquele que fiz.
São Pedro de Águias foi provavelmente a maior surpresa desta viagem, e certamente um dos tesouros mais bem guardados em Portugal. Trata-se de um ermitério, construído junto de um penhasco do rio Távora, num equilíbrio instável entre a gruta de granito e as águas furiosas do rio, mesmo num ano de seca. É surpreendente ver como aquelas esculturas delicadas que ladeiam os portais sobreviveram ali, durante quase um milénio.
Enquanto desenhava, fui surpreendido pela chuva. Valeu-me o abrigo da gruta, mas nem assim consegui evitar alguns salpicos na aguarela.
3 comentários:
Que bom ver estes desenhos logo pela manhã!
Que frescura de mancha. Adorei.
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