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John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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segunda-feira, 10 de abril de 2017

Castro do Zambujal


8 de abril, sábado, 15h

Castro do Zambujal
“Nenhum núcleo urbano surge do nada, à margem de enquadramentos humanos e geográficos. Se tal afirmação é evidente também é facilmente compreensível que as várias culturas que vão passando por qualquer povoação a vão moldando, transformando, enfim, deixando a sua marca na ossatura e no tecido urbano.” (Carvalho, 1989, p.9)


O povoado de Torres Vedras remonta à Pré-História e para entender o seu desenvolvimento, é necessária uma visão mais abrangente que vá para além das ‘torres velhas’ do castelo medieval, implantado no topo de um dos montes que caracterizam a geomorfologia do Lugar, razão ‘sine qua non’ da sua origem. O rio Sizandro, que ainda hoje atravessa a urbe, teve uma forte influência no seu desenvolvimento e de todo o território, tendo sido navegável durante o Calcolítico, até à cota 25.00


 
É neste contexto que surge o Castro do Zambujal, cujas construções, remontam pelo menos a duas fases do Calcolítico: 2500-1700 a.C. Desta fortificação destacam-se os seguintes aspetos: desenvolvimento de sistema de muralhas e constituição de povoado. Este antigo castro situa-se junto a Varatojo, a cerca de 3 km da cidade, implantado num dos montes (a poente) que rodeiam a cidade. A foz do Sizandro dista 10 km deste antigo povoado em ruínas, antigo local de trocas comerciais.
As escavações das ruínas iniciaram-se em 1938 e repetiram-se ao longo do séc. XX, impulsionadas pelo arqueólogo Leonel Trindade (1903-1992). As descobertas comprovam que aqui houve um povo com capacidade organizativa para desenvolver uma indústria metalúrgica, capaz de extrair e transformar o cobre: 1ª Idade do Cobre. Tratava-se de um povo autossustentável, cuja subsistência provinha da produção agrícola excedentária e do comércio das peças metálicas que produziam. Dado à sua localização e aos achados arqueológicos, nomeadamente peças de marfim, é fácil perceber que por aqui desenvolveu-se uma forte actividade comercial, tanto por terra, como por rio e mar. A riqueza alcançada através da sua organização em comunidade atraiu vários tipos de salteadores, obrigando-os a desenvolver estruturas que estarão na génese da arquitectura militar: Muralhas labirínticas; Barbacã com seteiras; Torres abobadadas.
No local, no séc. XVI, foi construído um casal. As paredes das casas foram construídas com as pedras da estrutura fortificada. Outros casais de outras localidades próximas também tiveram o Castro como "pedreira", contribuído para a sua destruição.
Hoje, também o casal se encontra em ruína, aproveitando-se apenas uma pequena casa habitada. Cá fora as ervas dominam o território, as ervas e os 3 rafeiros que nos recebem cheios de alegria e energia.

3 comentários:

Marcelo de Deus disse...

Belo trabalho

hfm disse...

Como gosto deste "post" e fico com água na boca. Haverá outros,assim espero.

André Duarte Baptista disse...

obrigado .

Haverá sim, com certeza Helena.
Abraço