8 de abril, sábado, 15h
Castro do Zambujal
“Nenhum núcleo urbano surge do nada, à
margem de enquadramentos humanos e geográficos. Se tal afirmação é evidente
também é facilmente compreensível que as várias culturas que vão passando por
qualquer povoação a vão moldando, transformando, enfim, deixando a sua marca na
ossatura e no tecido urbano.” (Carvalho, 1989, p.9)
O
povoado de Torres Vedras remonta à Pré-História e para entender o seu desenvolvimento, é necessária uma
visão mais abrangente que vá para além das ‘torres velhas’ do castelo medieval,
implantado no topo de um dos montes que caracterizam a geomorfologia
do Lugar, razão ‘sine qua non’ da sua
origem. O rio Sizandro, que ainda hoje atravessa a urbe, teve uma forte
influência no seu desenvolvimento e de todo o território, tendo sido navegável
durante o Calcolítico, até à cota 25.00
É
neste contexto que surge o Castro do Zambujal, cujas
construções, remontam pelo menos a duas fases do Calcolítico: 2500-1700 a.C.
Desta fortificação destacam-se os seguintes aspetos: desenvolvimento de sistema
de muralhas e constituição de povoado. Este antigo castro situa-se junto a
Varatojo, a cerca de 3 km da cidade, implantado num dos montes (a poente) que
rodeiam a cidade. A foz do Sizandro dista 10 km deste antigo povoado em ruínas, antigo local de trocas comerciais.
As
escavações das ruínas iniciaram-se em 1938 e repetiram-se ao longo do séc. XX,
impulsionadas pelo arqueólogo Leonel Trindade (1903-1992). As descobertas
comprovam que aqui houve um povo com capacidade organizativa para desenvolver
uma indústria metalúrgica, capaz de extrair e transformar o cobre: 1ª Idade do
Cobre. Tratava-se de um povo autossustentável, cuja subsistência provinha da
produção agrícola excedentária e do comércio das peças metálicas que produziam.
Dado à sua localização e aos achados arqueológicos, nomeadamente peças de
marfim, é fácil perceber que por aqui desenvolveu-se uma forte actividade
comercial, tanto por terra, como por rio e mar. A riqueza alcançada através da
sua organização em comunidade atraiu vários tipos de salteadores, obrigando-os
a desenvolver estruturas que estarão na génese da arquitectura militar: Muralhas
labirínticas; Barbacã com seteiras; Torres abobadadas.
No local, no séc. XVI, foi construído um casal. As paredes das casas foram construídas com as pedras da estrutura fortificada. Outros casais de outras localidades próximas também tiveram o Castro como "pedreira", contribuído para a sua destruição.
Hoje, também o casal se encontra em ruína, aproveitando-se apenas uma pequena casa habitada. Cá fora as ervas dominam o território, as ervas e os 3 rafeiros que nos recebem cheios de alegria e energia.
3 comentários:
Belo trabalho
Como gosto deste "post" e fico com água na boca. Haverá outros,assim espero.
obrigado .
Haverá sim, com certeza Helena.
Abraço
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