Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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sexta-feira, 29 de julho de 2016

Ao vivo do Simpósio USk em Manchester #2

Simpósio USk em Manchester dia 2


O dia dois do Simpósio USk começou com muitas actividades entusiasmantes! Só durante a manhã aconteceram 20 oficinas simultaneamente, e também algumas palestras e actividades! É muito terreno para cobrir, então o Luís Frasco e eu dividimos algumas das oficinas entre nós, para melhor mostrar o ambiente do evento.


Depois dos discursos de arranque do dia pela Presidente dos Urban Sketchers, Elizabeth Alley e um par de dicas sobre os concursos organizados pelos patrocinadores do Simpósio dadas pelo Omar Jamarillo, Fui ver como o Marc Taro Holmes estava a liderar a sua oficina chamada "Como planear e executar uma reportagem de desenho em equipa". Lidava com estratégias sobre como mobilizar um grupo de desenhadores em torno de um objecto - o Museu de Manchester serviu como exemplo - e como obter resultados eficientes ao mesmo tempo que se reduzem passos e tempo no processo de desenho. Foi uma verdadeira lição de eficácia e desligamento da qualidade do resultado, ou pelo menos da qualidade dos testes iniciais.


A Marina Grechanik (lamento pelo erro no apelido no desenho) chefiava o seu grupo ali perto, no jardim All-Saints, debaixo de uma chuva leve mas constante. A sua abordagem nas oficinas é muito discreta. Ela prefere que os resultados dos exercícios falem por si próprios. Na sua oficina baptizada de "O quê e como - criando a tua história" ela atribuiu exercícios simples mas elucidativos, tais como explorando o mesmo objecto através de opções de enquadramento diferentes, de uma abordagem estática e dinâmica, simétrica e assimétrica. O objectivo nestes desenhos repetitivos era constatar que abordagens diferentes sobre o mesmo objecto acabam por contar histórias diferentes sobre ele.

O Don Low levou o seu grupo para o abrigo do interior do Edifício Benzie, para os instruir em como abordar a figura humana. A sua oficina chamada "Linha decisiva no desenho de figuras em movimento e descanso" apoiava-se, entre outras coisas, sobre o desenho cego. O grupo ficou realmente muito silencioso ao usar esta técnica tão querida para mim, o que significava que os níveis de concentração estavam em alta.


Durante a tarde, debaixo de uma chuva pesada, a Marion Rivolier conduziu-nos a um arco de tijolo debaixo da linha férrea. Este arco emoldurava o sujeito dos nossos desenhos durante a oficina "Pinta como se ninguém te estivesse a ver". Quase sempre o faço, mas o que me trouxe à oficina da Marion foram os desenhos que o Mário Linhares tinha feito com ela durante a manhã - aguarelas sobre papel molhado em pinceladas coloridas largas que ainda são um mistério para mim. A Marion mostrou-nos como utilizar uma paleta específica de cores através de uma combinação simples mas desafiante de temperaturas, valores e cores. Na sua introdução, ela lançou uma frase que todos deveriamos guardar sempre connosco: "Acredito que um bom desenho é um que comunica eficientemente o ponto de vista do artista, um em que o observador consiga sentir as escolhas do artista".



Entretanto, a parede de tributo ao Florian Afflerbach vai ficando bastante cheia, mas ainda vêm aí mais carros em perspectivas doidas a chegar.

8 comentários:

Pedro Ribeiro disse...

Pedro, muitos, mas muitos parabéns por todos estes desenhos e por esta excelente reportagem!
Que bem representados que estamos!
Já vos vi num vídeo do Teoh Yi Chie... grandes correspondentes!

J.Espadaneira disse...

Boa reportagem, obrigado!

Henrique Vogado disse...

Grande reportagem. Incansáveis na cobertura do evento. Parabéns aos dois.

Teresa disse...

Excelente reportagem ! Acho a proposta do Marc Holmes muito interessante, para um futuro encontro aqui por Lisboa ( ou arredores !) . Um local e estratégias para desenhar...

Rodrigo Briote disse...

O mural está a ficar interessante

Maria Celeste disse...

...para quem teve a sorte de estar aqui estas reportagens sāo altamente esclarecedoras...
,..e tāo belas...

Rita Cortês disse...

Obrigada pelas vossas reportagens

Pedro Loureiro disse...

Obrigado a todos!

Rodrigo: Foi sendo construido ao longo do Simpósio e ficou muito interessante. Tornou-se um pequeno ponto de encontro e motivo para conversas entre sketchers que não se conheciam. Mas infelizmente, não lhe foi dado destaque particular no final. Talvez tenha sido um lapso.