Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

desafio 60 USK PT

Antigo Convento de Penafirme - Torres Vedras


Pode desenho transformar algo tradicionalmente feio, em algo belo?

Claro que sim, quando me falam destas questões, lembro-me sempre de um dos autores que me levaram a cultivar o gosto pelo desenho: Piranesi (Itália - 1720-1778). Os seus desenhos de ruínas são de uma beleza inigualável. A beleza dos seus desenhos tiveram a capacidade de despertar a humanidade para a inventariação e slavaguarda do património. Os seus desenhos são poéticos e são a prova provada de que é possível transformar o feio em belo.

Falar de Piranesi e depoi partilhar um desenho meu é talvez das coisas mais estúpida que tenha feito, mas gostava de partilhar convosco o porquê de eu gostar de ruínas.
São belas, pelas marcas do tempo e do homem. São belas pela forma como se relacionam com a envolvente. São belas pela forma como se desmoronam e vão-se fundindo com o solo.  São belos rasgos de luz que nelas penetram. São belas porque são portadoras da nossa história e identidade. 
São feias, porque na maioria dos casos são o reflexo da não existencia de mecanismos (dinheiro e vontade) que possam conservar estes edifícios.

11 comentários:

Maria Celeste disse...

...plenamente de acordo com esta interpretação do desafio...
...e gosto do desenho...

Bruno Vieira disse...

Está tudo ligado na temática da ruína, é mais do que apropriado fazer essa ligação partilhando um desenho teu, muito mais rápido do que um desenho de Piranesi mas com essa beleza inerente da ruína, desperta um certo fascinio como descreves.
É interessante, quando a natureza se mistura, parece adicionar-lhe mais tempo, valor e beleza.
O desenho resultou muito bem, bem sintetizado.

Sofia Gomes disse...

Concordo plenamente com a tua leitura. Gosto muito deste desenho!

L.Frasco disse...

Bem contextualizado, André, o teu desenho no tema do desafio. E bem escrito.

Suzana disse...

Identifico-me plena mente com o que dizes, adoro ruinas e essa beleza que descreves, tornando-as tão apetecíveis de desenhar mas de fato o lado feio é esse, o resultado do abandono como interesse publico.

Pedro disse...

Atrai-me o exercício de procurar no subúrbio mais obscuro, no passeio mais trivial ou no ambiente mais maçador um pormenor, um enquadramento ou mesmo uma abstração que tornem bonito o feio.
Conseguiste-o.

Pedro Alves disse...

É isto! Mesmo bom ;)

André Duarte Baptista disse...

Muito obrigado pelas vossas generosas palavras. São sempre um estímulo para continuar e melhorar. Ainda bem que gostaram. Eu cada vez gosto mais destas "coisas esquecidos" .... obrigado

hfm disse...

Belíssimo. E o que eu gosto de Piranesi sobretudo das suas escadas que levam a nenhures.

Alexandra Baptista disse...

Tanbém gostei da partilha, obrigada!

Rosário disse...

Concordo, aproveitaste uma coisa não muito bonita num desenho bem bonito!