Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.

John Ruskin, intelectual inglês do século XIX


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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Loulé e Querença

Tive um fim de semana tão bom. Peço desculpa pelo post tão comprido, mas este par de dias não merece levar partes cortadas.
Viajei na sexta à noite para Loulé, onde iria participar de mais um Encontro USKP. O Mário e a Ketta apanharam-me perto da estação de Entrecampos, já passava das nove, sentei-me no banco da frente, porque atrás, dentro de um ovinho ia o Matias, embalado pela mãe. Fomos entretidos toda a viagem, animados nas conversas e sem dar conta que lá fora chovia que se fartava. Chegámos a Loulé passava pouco da meia noite.
No dia seguinte acordámos com uma cidade a fervilhar. O mercado, a feira de artesanato, gente pelas ruas que não resistiu àquele sol de inverno, tudo junto a dar um encantamento especial a este lugar do Algarve que já foi dos árabes.



Almoçámos no restaurante "O Pescador", onde comemos bacalhau com grão, uns, carne de porco à portuguesa, outros. E bebemos vinho tinto, da Adega das passarinhas.
Fizemos depois uma visita guiada pela zona histórica de Loulé, deixámos-nos ficar mais tempo na Alcaidaria do Castelo, estava frio e começava a escurecer. A Isabel ia-nos contagiando com a sua paixão pela cidade. Antes de um chá de menta, ainda visitámos umas ruinas árabes, antigo lugar de banhos, e que continuam a ser escavadas.



Pertinho dali era a loja da TASA, onde a Sara nos mostrou os objectos deliciosos, desenhados e tornados realidade pelas mãos de algumas pessoas que conhecemos nessa manhã, e no dia seguinte em Querença. As suas vidas voltaram a ser especiais, que bom que lhes foi dada esta oportunidade.

Depois do jantar voltámos à Alcaidaria do Castelo, onde numa sala nobre do primeiro andar falámos das nossas estórias de desenhos, para uma audiência interessada e que ocupou todas as cadeiras. Trasmitimos esta nossa paixão, com desenhos dos lugares por onde andámos . Eu de Paraty, o Pedro Cabral da Via Algarviana, o Hélio Boto sobre desenhos solitários pelo Algarve, o Mário e a Ketta da Costa do Marfim, e o Luís Ançã, que quase não falou dos seus desenhos do Alentejo, antes pôs uma música a tocar enquanto os desenhos iam aparecendo, inesperados, naquela tela branca. Foi talvez o momento mais incrível que me lembro de ter assistido nesta coisa dos desenhos. Obrigado Luís, que pena aquilo do "fade" no final não ter funcionado.
Regressámos ao Hostel do Coreto, de coração cheio. Quase ninguém tinha sono, tirámos uma cerveja da máquina de vending, e ficámos ali, a conversar.

No dia seguinte tomámos o pequeno almoço todos juntos. Comi uma fatia de pão-de-ló cheia de goiabada, todos me ralharam. Alguém distraído deixou queimar uma torrada, fui eu que lá fui acudir. Metemos-nos nos carros e fomos para Querença, a poucos quilómetros dali. Enganei o Mário por três vezes, convencido que sabia o caminho, não havia meio de darmos com a estrada certa. Mas acabámos por chegar lá, não chovia mas estava frio, muito frio. No largo da igreja de Querença estava a feirinha do mês, cheia de bancas amarelinhas, com gente a vender repolhos, frascos de mel, aguardente de medronho, artesanato ou bolo à fatia. Fiz um desenho, enregelado, que só pintei no café da Dona Rosa.



Pelo meio o Sr. Mário meteu conversa comigo, falou-me do sobrinho que também faz desenhos. Obriguei-o a sentar-se ao meu lado, fiz-lhe o "retrato". Ficou tão contente que tirámos uma foto juntos, convidou-me para almoçar na casa dele da próxima vez que ali voltasse, e eu prometi que sim.
 

Terminámos a jornada numa casa de pasto, comemos uma canja daquelas caseiras, até ovinhos pequeninos tinha. As outras mesas estavam cheias de gente feliz, idosos da terra que almoçavam todos juntos, sem pressa, enquanto o David acordeonista se preparava para começar o baile improvisado. Despedimos-nos dos nossos novos e habituais amigos, e entrámos no carro, chegámos a casa pela hora do jantar.
Obrigado a todos pela óptima companhia.

9 comentários:

Luís Ançã disse...

Excelente reportagem, excelentes desenhos num excelente fim-de-semana. Obrigado, Nelson.

Rita Caré disse...

Mega-reportagem! E desenhos hilariantes!
Acho que lhe apanhaste o vício de repórter e já não vais mais largar :D

Henrique Vogado disse...

Grande Reportagem! Excelente os momentos de humor e descrição das refeições. Digno de uma "Volta ao Mundo" ou outra revista de viagens.

Filipe Duarte Almeida disse...

Estou a ver que ainda está no "modo repórter". Ainda bem. Fiquei com uma bela ideia desta fim-de-semana.

hfm disse...

Ainda não desligaste do vício?!... e nós encantados. Bela reportagem.

Rosário disse...

Bela reportagem! Cheia de entusiasmo e bons desenhos!

Filipe Pinto disse...

Boa Nelson. Grande ritmo com desenhos divertidos.

Maria Celeste disse...

...que descrição animada de um fim de semana feliz...
...faz-nos bem à alma...

Manuela Rosa disse...

Espantoso! Um diário gráfico, mesmo, com todas as histórias bem narradas quer pela escrita, quer pelo desenho. O Vicente está igualzinho!!