A Cova da Moura tem edifícios que crescem de forma espontânea e improvisada, com uma enorme riqueza espacial e cromática que convida ao desenho: os fios eléctricos, a mistura de materiais, culturas e cores, as ligações inesperadas entre espaços contíguos. Logo de manhã, fomos ao Café Princesa e quis registar este enfiamento de edifícios tão característico do bairro. Os moradores juntavam-se à nossa volta, os vizinhos passavam e paravam para fazer perguntas e comentários. Quando estava a acabar a perspectiva, as opiniões dividiram-se sobre o nome da rua: Princesa ou Anjos? Não, o café era Princesa mas a rua era a dos Anjos, confirmaram. Corrigi o nome no desenho e continuámos o passeio pelo bairro, porque o Apolo (um dos nossos guias) queria mostrar-nos os grafittis que retratavam o rapper Tupac Shakur.
Mais tarde, perguntaram-nos se não queríamos desenhar o Estádio da Luz. "Agora é que vamos ver se são mesmo bons nisto", desafiaram. Levaram-nos a um quintal com esta vista magnífica, que só tive tempo de registar rapidamente, pois só faltavam 15 minutos para a hora de almoço. A cor foi dada depois do churrasco e ainda fiz mais alguns desenhos no início da tarde, que podem ver aqui.
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Nunca encontrei ninguém completamente incapaz de aprender a desenhar.
John Ruskin, intelectual inglês do século XIX
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8 comentários:
Nunca a Cova da Moura foi tão desenhada!
E as histórias à volta deste desenho? Vamos lá a contar...
Que bons os desenhos.
Sempre fantástico!
Gosto muito da tua abordagem!
Já disse do Vítor, mas repito: bela síntese do que lá estava! E cores bem apanhadas!
Gosto do texto e dos desenhos que se entrecruzam como a malha urbana do bairro.
Obrigado pelo texto. Faz toda a diferença e é tão bom ler o pensamento dos arquitectos...
...e mesmo ao meio da vista do quintal,está pousado(qual nave espacial )o estádio da luz...
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